“Nada se cria, tudo se transforma”, revisitado

A máxima de Lavoisier ganha ainda mais sentido com a aplicação de tecnologia e integração de dados

September 05, 2020
Publicado por Cleci Leão.

EV+ T = EC. Com o perdão do ímpeto matemático, a equação fictícia sugere que a economia circular seria o resultado da economia verde acrescentada de tecnologia.

O termo Economia Verde, que sucedeu o ecodesenvolvimento, pensado na década de 70 em Estocolmo, foi popularizado a partir de 2008, por meio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). O conceito, portanto, não é recente, e tampouco unanimidade. Definida pelo Pnuma como “uma economia que resulta em melhoria do bem-estar da humanidade e igualdade social, enquanto reduz riscos ambientais e escassez ecológica”, a Economia Verde propõe o consumo consciente, a reciclagem e reutilização de bens, além do uso de energia limpa e valoração da biodiversidade, com base no baixo consumo de carbono, eficiência no uso de recursos naturais e inclusão social.

A proposta da economia verde, defendida em fóruns e agências internacionais como o Banco Mundial e a OCDE é a melhoria da qualidade de vida, diminuição das desigualdades, conservação da biodiversidade e preservação do meio ambiente. Mas o tema é foco de algumas críticas, que consideram a proposta uma falsa solução, ou uma premissa para o “capitalismo verde”.

Segundo as organizações e movimentos sociais contrários à aplicação ao conceito, a Economia Verde seria uma espécie de fachada para justamente quantificar o carbono, a água e a biodiversidade, como se fossem bens passíveis de apropriação e, portanto, geradores de novas cadeias de commodities globais: um certo ambientalismo de mercado.

De fato, quantificar os elementos naturais parece uma ideia simplista e gananciosa. No entanto, a ideia de associar valores da produção aos valores intrínsecos à vida sempre foi o caminho encontrado pela Humanidade para que as pessoas – e, especialmente, as corporações – conseguissem visualizar o prejuízo concreto que representa a deterioração dos recursos naturais.

green

E então, surgiu o conceito de Economia Circular, inspirado na inteligência da própria natureza, que é contrária à produção linear: no ambiente natural, resíduos sempre foram insumos para a produção de novos produtos. Com o desenvolvimento da tecnologia, sobretudo voltada para a comunicação, foi possível repensar o ciclo produtivo e inserir, entre a fabricação, o uso e o descarte, sistemas de monitoramento dos materiais, de modo a criar um modelo estrutural de regeneração dos bens de consumo.

O chamado “cradle to cradle” (do berço ao berço), que permeia a Economia Circular, nega o conceito de resíduo, mostrando que tudo deve servir continuamente para alimentar um novo ciclo.

Com isso, a ciência permite que a sociedade vá além do reduzir, reutilizar e reciclar, ao trazer para o ciclo a tecnologia em prol de um modelo sustentável que almeja a perfeição da própria natureza, consagrada há 226 anos por Lavoisier na célebre frase: “nada se cria, tudo se transforma”.

A equação fictícia EV + T = EC é uma brincadeira, é claro. Porém, a aplicação de tecnologia – ou o “fator T” – permite que as ações necessárias para preservação do meio ambiente viabilizem o desenvolvimento da economia com menos prejuízo à qualidade de vida. E o mais importante é que, bem elaborada, a tecnologia funciona como ferramenta de inclusão, trazendo para as mãos do próprio cidadão o recurso de se inserir na economia e realizar mudanças visíveis a partir de pequenas atitudes.

É com essa ideia que o app QZela oferece ao cidadão uma ferramenta simples e abrangente, que utiliza inteligência artificial para gerar um banco de dados fidedigno e on-line sobre os problemas de zeladoria urbana. Com informação totalmente checada e documentada por foto e georreferenciamento, a plataforma de big data pode ser incorporada a sistemas de gestão, e permitir mais eficiência na entrega dos serviços de manutenção.

Nos segmentos relacionados ao meio ambiente, QZela trabalha em parceria com organizações de gestão de resíduos, e contribui para o rastreamento dos materiais, tão necessário para a viabilização da economia circular.

Sim, a economia precisa ser verde. Mas o caminho para a integração, de fato, só é possível quando houver integração de dados, gestão eficiente, inclusão e conscientização.